Historia e Filatelia

by Feliciano Flor
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                      História e Filatelia

        A temática dos castelos poderá proporcionar uma abordagem bastante ampla com a posibilidade de utilizar diversas peças filatélicas, numa pequena coleção de "Um Quadro".  Na primeira parte deste artigo apenas se recorreu à filatelia portuguesa, enquanto na segunda se mostram peças filatélicas do Reino Unido, da França, da Itália e da Espanha. 

                  O castelo de Évora Monte foi conquistado aos mouros em 1160, por Geraldo, o Sem-Pavor. Tem planta quadrangular e torres cilíndricas nos ângulos, com 3 pisos assinalados por cordões simbólicos que se atam em laço sobre a entrada. D. Dinis ordenou a reconstrução do castelo originário, mas o terramoto de 1531 destruiu a torre de menagem e a atual edificação deve-se a D. Jaime, Duque de Bragança. Neste castelo foi celebrada a Convenção de 1834, termo das lutas entre absolutistas e liberais.  

                     

    Inteiro Postal comemorativo do 7º Centenário (Março de 2006). Taxa paga de 0,30 €, apenas para Portugal.


                 

               1.  Fortalezas - desde as Berlengas até ao Oriente. 

          A arquitetura militar defensiva foi inicialmente constituída por muralhas situadas em posição estratégica, podendo ser reforçadas por torres intercaladas e estar guarnecidas por baterias de artilharia. A construção de fossos, inundados pelas marés ou por desvios do caudal de rios, permitia ainda maior poder defensivo.  

        

                 Postal Máximo com selo da série "Reservas e Parques Naturais" - 1985.

 

            Série "Fortalezas da Madeira", com desenhos de Maluda - 1986.  Selo taxa 100$ -Forte do Maxico (Nª Sª do Amparo), os outros situam-se no Funchal: Fortaleza de S. Lourenço, Forte de S. João do Pico e Forte de São Tiago.

 

         Fortalezas em África : Cacheu - Guiné, S. Paulo de Luanda - Angola e Ilha de Moçambique.

 

                    

                          Fortalezas da Índia - emissão em 1955. 

 

                     

 

 

                       

   Envelope do 1º Dia registado, com série completa "Fortalezas de Macau" -1986. Endereço em carateres chineses. 

                                 

                         2.  CASTELOS  -  das Origens à Pousada 

         O castelo romano de Trancoso, cidade natal do autor deste artigo, foi destruído pelos vândalos no início do séc.V, sendo mais tarde recuperado pelos visigodos, e já constou do testamento de D. Flâmula, no ano de 906. O Conde D. Henrique ofereceu-o a D. Teresa como dote, tendo estado por 3 vezes nas mãos dos mouros da Andaluzia até à reconquista por D. Afonso Henriques, em 1140.
          Mais tarde, foi "arras" do casamento de D. Dinis com D. Isabel de Aragão, celebrado no burgo em 1282, e servui de base militar para a Batalha de Trancoso, em 29 de Maio de 1385, uma vitória fundamental para a causa do mestre de Aviz. Tem 5 torres castrenses e a Menagem apresenta a rara forma de pirâmide truncada, com porta em arco árabe para a praça de armas.

 

 Carta circulada, enviada de Trancoso para Lisboa em julho de 1987, com selo do 5º grupo (juntamente com selo do castelo de Leiria) integrado na emissão "Castelos e Brasões de Portugal" - 1986/88.
 
 

  "Aldeias Históricas de Portugal"- 2005. Emissão com 12 blocos e selo retirado da folha miniatura com 12 selos.

   O castelo de Guimarães terá nascido quando, por ordem de Mumadona, foi construída no séc. X uma torre e pequena muralha para defesa do Mosteiro de S. Mamede, na colina dos Vimaranes. Já no séc. XII, D. Henrique mandou erguer a torre de menagem, e mais 3 torres ligando as muralhas castrenses já reconstruídas.
      Este castelo foi berço de D. Afonso Henriques, que foi batizado na igreja de S. Miguel, erguida em estilo românico por D. Henrique, e nas proximidades que travou decisiva batalha contra sua mãe. No séc. XIV foi construída a alcáçova com dois pisos e janelas, mas as duas torres que flanqueiam as portas principais foram construídas a mando de D. João I. Castelo inexpugnável, suportou o cerco de D. Afonso em desavenças com seu pai D. Dinis, e 50 anos depois resistiu à invasão franco-castelhana de Henrique II.    

               

                  Emissão "Independência" - 1940 

  

       2ª emissão Independência - 1927              Castelos de Portugal - 1946

   Envelope do 1º dia da emissão do selo (série "Castelos e Brasões") e carimbo aposto em Guimarães a 10-4-1986.  

 

 Período designado  "Reconquista"  -  Os castelos de Marvão, de Lisboa e de Silves 

 

    O castelo de Marvão situa-se numa escarpa a 862 m de altitude, conhecida como "Monte Hermínio Menor". Uma pequena fortificação foi construída em 750 pelo vizir de Coimbra, Ibne Maruan ou Marvan, que deu nome ao lugar. Foi reconquistado por D. Afonso Henriques cerca do ano 1165, e em finais do séc. XIII degradado durante a luta de D. Afonso com seu irmão D. Dinis que o mandou reconstruir. Desde 1580 a 1640, brigou com a vizinha Valência de Alcântara, invadida em 1644 pelo Marquês de Marialva para ficar 4 anos sob domínio português. 

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              O castelo de S. Jorge, em Lisboa, foi conquistado aos mouros por D. Afonso Henriques, em 1147, após cerco de 3 meses, ficando para a memória a lenda de Martim Moniz. Está reforçado por 18 torres quadrangulares, sendo a maior a sul - Torre de Ulisses, com a porta principal, e a Alcáçova foi mandada construir por D. Dinis. Como Paço Real resistui ao cerco castelhano de 1573 e recebeu Vasco da Gama em fins do séc. XV. Na dinastia filipina foi ocupado com prisões e quarteis, alargados após o terramoto de 1755, que ficaram até 1939.

              

           Carta registada expedida de Lisboa para a Suiça em 18 de setembro de 1946, com 2 selos (taxa 1$75)                                    - Castelo de Lisboa, da série com 8 valores emitida em junho do mesmo ano. 

 
         O castelo de Silves foi conquistado em 1189, por D. Sancho I, lembrado desde 1941 por uma estátua em bronse com 3 m de altura, mas só foi reconquistado definitivamente por D. Afonso III. Construído em pedra de grês vermelho, tem a porta principal defendida por duas torres, e no interior existia um silo árabe e uma enorme cisterna - o algibe, sustentada por 6 grossos pilares, que foi recuperada. Na tradição popular, a lenda das Mouras Encantadas reporta-se a um poço com mais de 80 metros, próximo da cerca no lado poente e chamado "cisterna dos cães", lugar onde estariam enterrados fabulosos tesouros.
 

            

          Carta expedida de Portimão para a Suécia, em 15 de agosto de 1946, com 3 selos taxa $10, inicio da série                                               Castelos de Portugal, emitida em junho do mesmo ano, com 8 valores.

 

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                      Os castelos das Aldeias Históricas recordam os burgos medievais que se formaram em redor, protegidos por uma primeira cerca de muralhas. Alguns destes burgos tomaram para seu nome a  palavra "Castelo", como Castelo Novo e Castelo Rodrigo.
 

     O castelo de Marialva, tomado aos mouros pelo Rei de leão, estava abandonado e foi mandado reconstruir por D. Afonso I, tendo D. Sancho ordenado que fosse completada a muralha para envolver todo o burgo, e no séc. XVII tinha 4 torres e 4 portas. A cidadela tem 3 torres e a Menagem, com uma porta para o burgo.  Porém, quando da tentativa de regicídio contra D. José, o seu alcaide Marquês de Távora foi um dos principais implicados, e grande parte da população abandonou Marialva, onde já existiam o Pelourinho, a Casa da Cãmara, o Tribunal e 2 Igrejas.

           

     A povoação árabe chamava-se "Talmeyde", que significa "mesa" e o castelo conquistado pelo Rei de Leão ficou sob o domínio de D. Afonso I pelo Tratado de Alcanices. Durante a Guerra da Restauração, pela sua importância estratégica foi dotado de baluartes e transformado numa praça-forte, com planta pentagonal. O castelo foi cercado pelo general Massena, na Guerra Peninsular, tendo sido atingido o paiol da pólvora e destruído o castelo medieval. O fosso que rodeia o atual castelo apenas foi descoberto em recentes trabalhos arqueológicos.

           

Selos retirados duma "Folha Miniatura", com 12 selos diferentes mas com a mesma taxa 0,30 €, desenhados por Acácio Santos. A emissão designou-se "Aldeias Históricas de Portugal e foi posta em circulaçãoa 28 de Abril de 2005.  

 

 O "castelo novo" foi construído no início do séc. XIII e no topo da Serra da Gardunha onde existia ruína duma velha fortificação, pois já foi referido com este nome no testamento de D. Pedro Guterres, em doação aos Templários. Porém, outros defendem que só assim foi chamado após uma recuperação a mando de D. Manuel I. Pequenos lanços das muralhas foram preservados e a Torre de Menagem encontra-se em ruínas, elevando-se apenas a Torre Sineira, que data de 1537, com uma cúpula em minarete e encimada por 4 pináculos. Do tempo dos forais resta o edifício quinhentista dos Paços do Concelho (que foi extinto em 1835), tendo em frente um Pelourinho manuelino. 

      O Castelo Rodrigo foi mandado edificar por D. Afonso IX de Leão, no séc. XII. O nome provém do senhorio das Terras de Riba-Côa, o conde Rodrigo Gonçalves Girão, quando estas se integraram no território de Portugal com o Tratado de Alcanices.  A designação "Figueira de Castelo Rodrigo" ocorreu apenas em 1836, com atribuição do 1º Foral à povoação que se desenvolveu próximo do castelo, mas na planície. A Torre e Menagem, os fossos e a cisterna datam do reinado de D. Dinis, e a Porta do Sol é de construção medieval. Também é chamado "Castelo Martir" por ter sido destruído pelo incêndio popular, após a Restauração da Independência, dum palacete que nele foi mandado construir pelo "traidor" Cristóvão Moura, filho do alcaide, mas principal apoiante da coroação de Filipe II como rei de Portugal, tendo por isso recebido grandes mercês e até o título de Vice-Rei. 

 

        

 Blocos duma série de 12, todos com 2 selos, emitidos em 8 de julho de 2005. Um dos selos mostra o castelo, e o outro um monumento da localidade, designada "Aldeia Histórica", ainda que este espaço seja atualmente apenas o centro duma cidade.  
 

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              Os castelos de Almourol e de Óbidos foram escolhidos para ilustrar, com apontamentos da sua História, os limites temporais destas edificações, com tão diferentes origens, localização e dimensões, mas tão semelhante arquitetura. 

  Postal Máximo Triplo executado pela Asspciação Potuguesa de Maximafilia. O selo aposto fez parte da emissão base "Paisagens e Monumentos" - 4º grupo, em circulação a partir de setembro de 1974. Carimbo comemorativo da Mostra Filatélica realizada em Praia do Ribatejo, a 13 de fevereiro de 1982.

        

     "Almouralan" significa "pedra alta" em árabe, e Almourol terá sido, na lenda, o nome do feroz castelão que ali guardava as belas princesas Misaguarda e Polinarda que, na Crónica do Palmeirim de Inglaterra, este quiz resgatar na sua viagem para Constantinopla. A notícia da existência do castelo constou já da Geografia" do grego Estrabão, que morreu no reinado de Tibéri, meio século antes da era de Cristo. No séc. IX foi solar de D. Ramiro, e outra lenda conta-nos que um pagem mouro se apaixonou pela filha Beatriz daquele nobre, tendo ambos fugido do castelo sem jamais haver notícias deles, só aparecendo os seus vultos nas muralhas na noite de S. João.

   O pequelo castelo tem 310 m no maior comprimento e apenas 75 m de largura, as muralhas estão reforçadas por 9 torreões cilíndricos e a torre de menagem tem 3 pisos. Foi conquistado por D. Afonso Henriques em 1129, sendo entregue a Gualdim Pais, mestre dos Cavaleiros do Templo, que o reconstruíram e ampliaram até 1171, conforme lápide colocada sobre a porta. Desde 2006 tem sido recuperado para instalação do Museu dos Templários.  

       

            Postal Máximo  executado pela Associação Portuguesa de Maximafilia com um selo da série                          "Pousadas Históricas" emitida em 7 de novembro de 1994, tendo carimbo do 1º dia aposto em Óbidos.                 

          

     "Oppidum" significa "cidade romana fortificada", e Óbidos foi conquistado em 10 de janeiro de 1148 pelas tropas e astúcia de Gonçalo Mendes da Maia, o Lidador, enquanto no lado oposto do castelo, subindo a encosta se dispunham em formação as forças comandadas por D. Afonso Henriques. A forte muralha norte tem 13 m de altura e a muralha ocidental foi reconstruída no reinado de D. Sancho I , que edificou a Torre do Facho, formando um perímetro de 1565 metros, totalmente percorrido por "adarves", sendo alguns trechos reforçados por 5 torreões cilíndricos . Duas torres disputam a categoria de Menagem - a mandade eregir por D. Dinis em 1325, após ter passado no castelo as suas núpcias com D. Isabel, e a construída no reinado de D. Fernando. No séc. XVI, D. João de Noronha restaurou a Alcáçova, dotando-a com janelas manuelinas. Desde D. Urraca que o castelo foi "vinculado" à Casa da Raínha até 1834, tendo D. Leonor, esposa de D. João II, aí permanecido em retiro temporário após a morte do filho único. O "castelejo" foi requalificado em 1948 como Pousada Histórica.